Assista My Oxford Year, novo filme da Netflix baseado no livro de Julia Whelan. Leia nossa crítica completa com comparações entre livro e filme, análise das atuações e veredito sobre a fidelidade à obra original.
O filme My Oxford Year (Meu Ano em Oxford), lançado pela Netflix nesta sexta-feira (01), é baseado no romance homônimo de Julia Whelan, publicado em 2018. A adaptação parte de um material com forte apelo emocional: Ella (renomeada como Anna no filme), uma jovem americana bolsista em Oxford, se vê dividida entre ambições políticas nos EUA e um amor inesperado por seu professor, Jamie, que guarda um segredo devastador: um diagnóstico terminal.
No entanto, embora o livro traga um equilíbrio entre humor leve, introspecção poética e romance com profundidade emocional, o filme entrega apenas parte desse DNA – e tropeça justamente onde o romance mais acerta: na conexão entre os protagonistas.
Atuação: brilho visual, pouca faísca emocional
Sofia Carson (Anna) e Corey Mylchreest (Jamie) têm presença cativante individualmente, mas carecem de química em tela. Carson entrega uma performance competente, mas contida, apostando mais na imagem de resiliência do que em nuances emocionais. Já Mylchreest – que brilhou em Queen Charlotte – parece limitado pelo roteiro raso de seu personagem, que no livro é espirituoso e multifacetado, mas no filme se resume a frases solenes e olhares profundos.
A falta de tensão romântica real entre os dois tira força da virada trágica no segundo ato. Quando o diagnóstico de Jamie é revelado, o impacto emocional é mais narrativo do que visceral — sentimos o que deveríamos sentir, mas não o que sentimos de fato.
Fidelidade ao livro: onde o filme acerta e erra
A adaptação de My Oxford Year para a Netflix traz mudanças importantes em relação ao romance original de Julia Whelan. Abaixo, destacamos os principais elementos comparativos:
Diálogos e poesia: no livro, os tutoriais literários e as citações poéticas são parte vital da identidade da história, fazem parte da alma de Oxford e da relação entre Ella e Jamie. No filme, esse elemento foi reduzido a poucas frases emblemáticas, perdendo parte da profundidade intelectual que marcava a narrativa original.
Nome da protagonista: no livro, a personagem principal se chama Ella; no filme, ela foi renomeada como Anna, talvez por uma escolha de sonoridade mais direta ou universal.
Tom da narrativa: enquanto o livro equilibra romance, humor leve e profundidade emocional, o filme adota um tom mais visual, com foco no cenário e uma virada trágica suavizada, menos impactante emocionalmente do que no texto original.
Final: a maior divergência entre as obras está no desfecho. No livro, Jamie sobrevive por mais tempo, e o casal realiza sua tão sonhada viagem pela Europa – um final aberto e esperançoso. Já no filme, Jamie morre, e Anna parte sozinha, guiada pelas lembranças – um final fechado e poético, mas que elimina a ambiguidade emocional da versão literária.
Ritmo do relacionamento: na obra original, o romance se desenvolve de forma gradual, com nuances e camadas, dando tempo ao leitor para se apegar aos personagens. O filme, por outro lado, acelera essa construção e aposta em picos de emoção desconectados, sem tempo suficiente para criar laços profundos com o público.

O filme segue a espinha dorsal do livro, mas simplifica muito seus arcos narrativos. A complexidade emocional da Ella literária, dividida entre carreira, amor e identidade, é substituída por uma narrativa mais direta, com foco na superação e na metáfora do “tempo que temos”.
Oxford como personagem
Visualmente, o filme acerta em cheio. A cidade de Oxford é quase um terceiro protagonista: belíssima, melancólica e cheia de história. A fotografia ressalta bibliotecas, pontes, salas de aula góticas e ruas de paralelepípedo com um filtro dourado que remete à nostalgia de algo que ainda está acontecendo.
Mas a beleza do cenário não consegue compensar a ausência de profundidade emocional entre os personagens principais. Para quem leu o livro, há um vazio difícil de ignorar.
Veredito final: para quem é esse filme?
My Oxford Year é para quem gosta de romances suaves, com produção de alto padrão e trilha sonora delicada. Para fãs do livro, a decepção vem na forma de emoções diluídas e personagens simplificados. A adaptação parece hesitar entre ser uma comédia romântica leve e um drama existencial, e acaba ficando no meio-termo.
Visualmente lindo, emocionalmente raso. Uma adaptação que respeita a forma do livro, mas não sua alma. Mas vamos confessar, o final nos fez chorar! 🥺
