A minissérie Inferno em La Palma – que está atualmente em 1º lugar no top 10 da Netflix, leva o espectador à devastadora erupção do vulcão Cumbre Vieja, que explodiu na ilha de La Palma, nas Ilhas Canárias, em 2021. Baseada em um evento real que causou enormes danos à região, a produção se propõe a mesclar ficção e elementos científicos, criando uma narrativa que não só busca capturar a magnitude do desastre natural, mas também explorar as dinâmicas familiares e as complexas reações humanas diante do apocalipse iminente. No entanto, embora a minissérie tenha a ambição de trazer um retrato mais realista de uma tragédia como essa, ela peca em alguns aspectos.
A trama se concentra na família de Fredrik (Anders Baasmo Christiansen), Jennifer (Ingrid Bolsø Berdal) e seus filhos, Sara (Alma Günther) e Tobias (Bernard Storm Lager). Tobias se destaca, sendo uma criança autista cujas habilidades sensoriais e observadoras se tornam cruciais para o desfecho da trama. Em uma das cenas, Tobias utiliza sua observação detalhada para ‘salvar’ sua mãe em meio ao caos desencadeado pela erupção. O drama familiar é, assim, ancorado não apenas na luta pela sobrevivência, mas na descoberta do valor único de Tobias.

Entretanto, Inferno em La Palma enfrenta dificuldades ao tentar equilibrar o realismo do desastre com os elementos ficcionais que se arriscam em exageros. O retrato do vulcão e das mudanças climáticas é, sem dúvida, uma parte poderosa da narrativa, abordando as consequências do aquecimento global e os desastres naturais que ele pode desencadear. Contudo, alguns pontos da trama, como a sobrevivência improvável de personagens após um tsunami dentro de um avião, destoam da proposta mais realista do restante da narrativa, criando uma desconexão que pode irritar os espectadores. Apesar disso, a gente torce pela sobrevivência da família e a adaptação de Tobias ao caos ao seu redor.
Em última análise, Inferno em La Palma se destaca como uma obra que tenta navegar entre o real e o fictício, entre o sensível e o sensacional. A série consegue transmitir a gravidade de um evento real e suas consequências, mas, ao incorporar exageros e cenas que desafiam a lógica, perde parte de sua força e capacidade de imersão. O que poderia ser uma reflexão profunda sobre a tragédia humana se torna, em certos momentos, uma corrida contra o tempo e a plausibilidade, uma busca por algo que, muitas vezes, soa mais fictício do que os próprios desastres que ele tenta representar.
Confira o trailer abaixo: