CRÍTICAS

Lugar Feliz (+16): crítica do romance de Emily Henry que conquistou leitores

Resenha: Lugar Feliz, de Emily Henry
Uma comédia romântica sobre reencontros, segredos e o peso de crescer junto, ou separado

Lugar Feliz é Emily Henry fazendo aquilo que ela domina: colocar personagens imperfeitos em situações emocionalmente complicadas e deixar as faíscas fazerem o trabalho. Mas, ao contrário de alguns de seus romances anteriores, aqui o foco não está só no casal, está no grupo inteiro, no passado compartilhado e nas rachaduras que o tempo insiste em abrir.

A protagonista, Harriet, é a clássica “boa menina” que tenta conciliar o mundo todo, mesmo que isso custe sua própria tranquilidade. Ela chega à tradicional viagem anual com os amigos carregando um segredo enorme: seu noivado com Wyn, o queridinho do grupo, terminou. Mas ninguém sabe. E, claro, Wyn também aparece, forçando os dois a fingirem que ainda estão juntos para não estragar o clima de despedida da casa de verão onde todos se reuniram por anos.

Esse é o ponto de partida, e é onde Emily Henry brilha. A autora sabe criar situações desconfortáveis o suficiente para serem engraçadas, mas profundas o bastante para revelarem quem esses personagens realmente são. O “fingindo que ainda estamos juntos” não funciona apenas como trope romântico; é a lente que expõe falhas de comunicação, expectativas frustradas e o peso de manter uma imagem perfeita.

Os amigos, Sabrina, Cleo e Parth, funcionam como um núcleo afetivo que dá vida à trama. Eles têm personalidades bem definidas e histórias próprias que influenciam diretamente o clima do grupo. Sabrina, por exemplo, é a anfitriã obsessiva que tenta controlar o fim de semana perfeito, ignorando que todos ali já mudaram. Cleo, mais reservada e prática, tenta manter a paz enquanto vive seu próprio momento de transição. E Parth é aquele amigo caloroso que tenta juntar todos, mesmo quando ninguém mais parece encaixar como antes.

Essas relações criam conflitos reais, ciúmes velados, expectativas não ditas, conversas adiadas por anos. E é nesse espaço que a história cresce. Harriet e Wyn têm química, claro, mas o romance deles funciona porque surge dentro de um contexto maior: amizades antigas que precisam lidar com o fato de que a vida adulta não deixa ninguém intacto.

A trama mistura flashbacks e presente de forma fluida, ajudando a entender como o relacionamento dos protagonistas se construiu e onde começou a falhar. Wyn, por exemplo, é carismático, mas carrega suas próprias inseguranças. Harriet tenta ser a solução para tudo, mas não percebe o quanto se apaga no processo. Nada disso é revelado num grande drama; é mostrado em pequenas cenas, diálogos sutis e silêncios que dizem mais do que as palavras.

O livro equilibra humor, romance e tensões de grupo sem perder a leveza. É divertido, tem aquele clima de verão que dá vontade de entrar na história, mas também tem uma honestidade que impede a narrativa de ser rasa. Emily Henry constrói um cenário bonito, mas não idealizado, com personagens que parecem pessoas reais tentando manter vivo um espaço que já não cabe mais do mesmo jeito.

No final, Lugar Feliz entrega o romance, a nostalgia e a dorzinha gostosa das histórias sobre reencontros, mas também mostra que crescer envolve aceitar mudanças, e que isso não precisa ser o fim de nada, apenas o começo de algo novo. Você pode adquirir aqui!

Nota: 4,5/5

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