Talento? Temos aqui sim!
Conversamos com o ator, produtor e músico João Côrtes, que aos 23 anos (hoje com 26), filmou seus primeiros projetos por trás das câmeras, de maneira 100% independente.
Mas não para por aí, ambos têm sido premiados em festivais fora do país. Isso mesmo, até agora foram mais de 6 prêmios passando por países desde os Estados Unidos até a Coreia do Sul, além de ter quatro séries para lançar, sendo uma delas “O Anjo de Hamburgo”, a primeira série brasileira da Globo feita totalmente em inglês, em parceria com a Sony.
O ator ainda lançou recentemente um projeto musical no instagram, intitulado King Kong Sessions. Toda semana solta um vídeo no IGTV que conta não só com covers mas músicas autorais.
Jonathan Wolpert.
Confira a entrevista abaixo:
• Conta pra gente como foi toda a produção de “O Anjo de Hamburgo”. A gente sabe que, infelizmente a pandemia atrasou muitas produções, então como foi trabalhar de volta em um projeto tão grande e com o desafio de lutar ainda contra um vírus que atingiu o mundo todo.
JC: Pois é… Foi realmente um baita desafio, em muitas instâncias diferentes. A filmagem era pra ter acontecido originalmente em Abril de 2020, e foi cancelada pela pandemia, e então eu filmei (exatamente) um ano depois. A produção foi extremamente cuidadosa, responsável e profissional com todos os protocolos de segurança, o que me fez sentir mais seguro. Ao mesmo tempo, eu tive um período muito maior para me preparar, o que foi ótimo, e fez diferença. Tive 5 meses de preparação, tudo online, para me dedicar à profundidade e intensidade dramática da cena, e também para focar no sotaque, que era bem específico. Eu interpretei um alemão, de Hamburgo, ou seja, atuar em inglês, com sotaque alemão forte. Foi um aprendizado fantástico, e sinto que cresci muito como artista depois desse projeto. Afinal, o que não te desafia, não te transforma, né?
• Seus projetos por trás das câmeras, são 100% independente, e ambos têm sido premiados em festivais fora do país. Ser independente significa não ter o apoio, como você acha seu público alvo? E surgem as divulgações?
JC: Acredito que cada projeto tem seu público alvo específico, e pode ser que isso mude durante o processo de criação. No fim das contas, cabe a nós, produtores, diretores, roteiristas, olharmos para o que estamos fazendo, assistir o resultado, e sentir como isso se encaixa no mundo e na indústria cinematográfica. É puro instinto. Fora isso, fizemos algumas cabines para públicos seletos, tanto do longa quanto do curta. Essas exibições são ótimas para testar se o filme funciona, e entender como afeta a quem assiste. Assim vamos nos guiando em como divulgar ele pro mundo. E claro, como você mesma disse, somos independentes, ou seja: corremos atrás de todas as partes, desde a pré produção até a finalização e distribuição. Tudo fruto do nosso esforço como equipe.
• Você recentemente ganhou prêmios pelo filme “Nas Mãos de Quem me Leva,” o que foi realmente, que marcou sua carreira como roteirista e diretor e, a gente sabe que você também não deixou a sua carreira de ator de lado, então qual é o sentimento quando você está na frente das câmeras e atrás dela?
JC: É bem diferente, e ao mesmo tempo, tem semelhanças. Diferente porque são quase duas áreas do cérebro distintas. Como diretor, você tem que ser capaz de fazer multi-tarefas ao mesmo tempo. Pensar e tomar diversas decisões definitivas por dia. É sua função guiar uma equipe inteira através do que você vislumbrou daquele universo, e como essa história deve ser contada. Foi um treino incrível de liderança, e inteligência emocional. Me encontrei muito no lugar de dirigir atores, poder mergulhar nas cenas e achar as nuances, brincar com as possibilidades, emoções, enfim… Eu amei. Como ator, você tem bem menos preocupações ao chegar em um set, pode focar em sua performance e simplesmente mergulhar no personagem. É um trabalho muito mais individual. Mas os dois são similares, ao meu ver, pois os dois dependem da sua habilidade para contar uma história. Da sensibilidade de conectar com a experiência humana, seja ela qual for. Eu pretendo continuar atuando e dirigindo, e quem sabe, num futuro próximo, fazer os dois em um projeto só!
• A indústria cinematográfica além de ser muito competitiva, está mudando constantemente, qual sua visão como ator e diretor sobre as mudanças e quão importante é desenvolver um estilo pessoal?
JC: Olha, sendo bem sincero, eu ainda me sinto descobrindo o meu estilo pessoal como diretor e roteirista… Estou justamente escrevendo um segundo longa e me experienciando nesse processo, tentando entender o que eu gosto, o que não gosto, o que funciona, enfim… Meu processo de criação como um todo. Talvez mais importante do que um estilo pessoal, é ter uma voz. No sentido de sempre saber sobre o que você quer falar. Toda obra de arte comunica algo e se posiciona de alguma maneira. Acho importante buscar essa clareza sobre quais os temas que nos interessam, quais posicionamentos tomar, e como fazê-los. Mas no momento, meu interesse é puramente em contar histórias que me inspiram, filmes que eu gostaria de ver na tela, mas nunca vi. Algo assim… Agora, como ator é diferente. O posicionamento e a ótica dentro da indústria é completamente outro. Acho que como ator, devo estar sempre aberto e flexível para o novo. É fundamental ter jogo de cintura, versatilidade, capacidade de se adaptar aos diferentes cenários e plataformas. Como exercer o seu ofício, mostrar a que veio, de várias maneiras diferentes? Se não passarmos por uma metamorfose constante, nos tornamos antiquados. Tem que acompanhar o ritmo!
• Sobre a música, conta mais pra gente sobre essa paixão que está trazendo novos frutos como o seu primeiro CD, intitulado Elevador Gourmet, qual a inspiração para esse novo projeto e por que este nome?
JC: A inspiração do EP sempre foi de poder cantar as músicas que me dão prazer, cantar os estilos que eu mais aprecio, jazz, soul, R&B, blues, e poder levar nossa alma pro mundo. Faz tempo que eu sonho em lançar um disco, e me potencializar nesse lugar de cantor. O Popstar foi fundamental nesse processo, e de alguma maneira, me catapultou pra começar a criar o disco. Música corre nas minhas veias tanto quanto sangue. Ela está intrínseca no DNA da minha família, sempre esteve… Então era só questão de tempo até eu iluminar esse lado meu. O nome na verdade veio de uma amiga minha, que se inspirou na ideia de que estamos fazendo “música de elevador”, mas que é gourmet. Achamos genial e a sonoridade do nome caía bem. Ficou!
• Falando sobre o título do seu primeiro CD, ficamos curiosos: por que ele se chama Elevador Gourmet? Tem alguma história por trás?
JC: O nome quem criou foi uma amiga nossa, que trabalhava com o meu pai. Estávamos em um brainstorm, tentando pensar em algo que definisse o que nós queríamos fazer, mas que fosse engraçado. No momento em que ela disse o nome, eu sabia que era esse. É interessante, irônico, chamativo e explicativo na medida certa. A ideia é de que é música de elevador, aquelas que tocam no fundo, mas é gourmet, porque é feita um cuidado especial com os arranjos, além de big band e orquestra. O nome combina.
• Depois do CD, que já estamos ansiosos para ouvir, quais são os seus próximos passos? Tanto na carreira de ator, cantor, produtor, quais são os planos?
JC: Eu tenho alguns projetos para serem lançados. Entre eles, eu posso citar uma série de comédia chamada “Sala dos Professores”, que em breve será lançada no Cine Brasil Tv. Além disso, uma série da HBO, coprodução Brasil e EUA, chamada “The American Guest”, dirigida por Bruno Barreto.
Em paralelo a isso, eu tenho o curta-metragem “Flush”, escrito por mim, e protagonizado por mim e pelo Nicolas Prattes. Muito em breve vamos poder lançar esse curta, que ainda está trilhando sua carreira nos festivais ao redor do mundo.
Como vimos na entrevista, João se prepara para lançar seu primeiro CD, o “Elevador Gourmet”. O disco tem uma vertente mais jazz e soul, e conta com big band e orquestra. A produção ficou por conta de Ed Côrtes, grande nome do mercado fonográfico e pai do ator. Já sabemos de onde vem tanto talento né?!