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Entrevista: Michelle Rodrigues fala sobre sua personagem Dalva e dificuldades no mercado brasileiro: “Influência e politização na escolha de atores”


Michelle Rodrigues é uma atriz brasileira nascida no Paraná, cuja infância passou em Fraiburgo, interior de Santa Catarina. Desde essa época, vem dedicando sua vida à arte e se enganam os que pensam que ela é nova nesse ramo. Michelle já tem mais de 10 anos de carreira e vem se destacando no mercado brasileiro.

A atriz da vida à personagem Dalva de “Vale dos Esquecidos”, uma mulher jovem que trabalha em um bordel no ano de 1889 e possui um romance escondido com Iasmin. A série, contada em 10 episódios, é a primeira de terror brasileira da plataforma de streaming HBO Max e vem sendo destaque por seu enredo sobrenatural, tendo, inclusive, vencido a categoria ‘Streaming TV’ no Prêmio Arcanjo 2022.

Tiago Muchaki


O No Backstage conversou com a atriz sobre sua personagem, seus trabalhos como produtora e as dificuldades ao longo da carreira de atriz.

“Enfrentar barreiras culturais, de estado e de características físicas ainda é uma dificuldade no mercado brasileiro,” comenta Michelle para o No Backstage.

Confira a entrevista completa abaixo:

NB: Você tem mais de 10 anos de carreira, hoje em dia, creio que as oportunidades são maiores do que antigamente. Quais foram os obstáculos mais difíceis que você enfrentou para levar sua carreira para o próximo nível?

Michelle: As dificuldades para os atores não são muito diferentes do que eram antigamente. Ainda existem muitos contatos de influência e politização na escolha de atores para qualquer tipo de obra audiovisual. Enfrentar barreiras culturais, de estado e de características físicas ainda é uma dificuldade no mercado brasileiro. Boa parte das obras procuram um ator ou atriz o mais próximo possível do que imaginam, ao invés de fazerem teste de elenco e buscar trabalhar na caracterização do personagem. A dificuldade ainda é essa, mas através das oportunidades que existem, em trabalhos de curtas, publicidades e longas vamos quebrando essas barreiras e mostrando qualidade.

NB: Isso, aí! Sua personagem Dalva de “Vale dos Esquecidos”, é uma mulher jovem que trabalha em um bordel em 1889 e possui um romance escondido com Iasmin. O que foi fascinante sobre essa personagem que fez você decidir interpretá-la?

Michelle: Quando fui escolhida para interpretar a Dalva, decidir os trejeitos, olhares, jeito de falar, como a personagem mexeria no cabelo ou caminharia foi a parte fascinante do projeto. Lembro que um dia fui a uma farmácia e vi um hidratante e pensei: “Esse seria o cheiro perfeito da Dalva” e fiz isso. Todas as cenas eu estava usando esse hidratante. Então, todo esse processo de decisão de como quero apresentar o personagem, expressar isso nos ensaios e conversas com a direção é o que faz meu trabalho como atriz ser tão excitante e diferente.

NB: Saber como é trabalhar na frente e atrás das câmeras é uma vantagem em qualquer produção. Você pode nos contar um pouco mais sobre o seu trabalho nos bastidores também?

Michelle: Saber estar na frente e atrás das câmeras traz vantagens, não só no contato com a equipe e estar mais à vontade com todos que estamos trabalhando, mas também em saber falar as linguagens técnicas. Por exemplo, quando escuto o fotógrafo falando que vai usar tal lente, eu já consigo saber se será um plano detalhe ou um plano aberto, já penso em como posso adicionar ainda mais aquela cena.

Além do trabalho como atriz, também trabalho como aderecista e Efeitista. Pra quem não está familiarizado com esses dois cargos, aderecista faz todo tipo de objeto específico para a cena, como o sabre de luz de Star Wars, o mapa do maroto do Harry Potter, as armas de cena do longa Skull: A Mascará de Anhangá ou uma arma que sai uma bandeira LGBTQIA+ no clipe Verdinha da Ludmilla. São exemplos de trabalhos de um aderecista, no caso, os dois últimos foram trabalhos meus.

Como Efeitista, meu trabalho é realizar qualquer ação específica que não existe pronto: um comercial com grãos se chocando, um coração que pulsa na mão de um ator, uma chuva cenográfica, explosões com fogo, manipulação de fogo, tiros etc. Tudo isso são exemplos de trabalho de efeitistas. O longa Skull: a Mascará de Anhangá, Cinelab, o videoclipe Mil Grau da Gloria Groove, alguns comerciais de O Boticário, todos esses estão no meu currículo como efeitista.

NB: Super interessante isso! Falando em atuação ainda, como é ser tantas personalidades diferentes? Você tem que interpretar personagens destintos e refletir esses personagens de maneira mais precisa. Como você se prepara para cada um deles? É emocionante ou exaustivo às vezes?

Michelle: Existem várias formas de preparação de elenco e estudos para interpretação. Cada ator usa o método que mais se identifica e os diretores de cena também trabalham esses métodos, em específico, com cada ator. Alguns gostam de ter uma imersão pesada e pessoal dentro do papel que vão interpretar, outros estudam exemplos e se preparam para isso. Nenhum deles está errado ou consegue um resultado maior ou menor.

Eu gosto de estudar sobre meu personagem, tentar entender o contexto em que viveu, o que provavelmente sentiu nesses locais e ter a consciência que vou dar vida a ele, mesmo não sendo ele. Então, pessoalmente, não é um trabalho exaustivo ou emocionante a minha preparação, é como um trabalho comum. Você estuda, entende, treina e se prepara para o momento exaustivo e emocionante: a gravação. É lá que a emoção vem, que você dedica toda sua força física e psicológica para entregar o que se espera. E ver tudo isso acontecendo e dando certo, é emocionante!

NB: Você já fez algumas peças em teatro, como atriz, tem muita diferença atuar diante das câmeras e para um público geral? Afinal, no teatro você sente a história chegando no público na hora! Como é para você?

Michelle: Sim, existe muita diferença em atuar para as câmeras e no teatro. Com certeza, uma diferença clara é ter o público interagindo em tempo real a cada fala que está sendo dita e estar, por vezes, com poucas pessoas no set pra fazer um diálogo.

A reação do público do teatro é algo único, escutar as interjeições de dúvida, susto, emoção e risadas só o teatro proporciona. É emocionante e trás um quentinho no coração ver toda aquela mágica acontecendo. Ver o carinho do público no final da peça, tudo é muito legal, fantástico e gratificante.

Agora estar diante das câmeras é saber que você vai atingir um público muito maior e fazer a diferença na vida de muito mais pessoas também. Lembro de quando era pequena e assistia novelas e falava: “Deve ser muito legal fazer isso”. Hoje eu sou a pessoa que está ali mostrando pra alguém que é muito legal fazer isso e isso também deixa um outro quentinho no coração.

NB: Imagino! E quais seus próximos projetos?

Michelle: Esse ano vou gravar o longa “Nunca Terão Paz” do diretor Paulo Biscaia Filho e estarei na série “A História Delas” do Star+, onde interpreto a personagem Robi e alguns outros projetos que ainda não posso falar, mas vem muitas coisas boas por aí!

Mal podemos esperar! E para quem quiser acompanhar mais do trabalho de Michelle, só acompanhá-la nas redes sociais.


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