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Entrevista Exclusiva: Sezin Bozacı reflete sobre o Papel de Esme e a transformação das mulheres em ‘Yalı Çapkını’

A atriz turca Sezin Bozacı, vem conquistando o público brasileiro com sua atuação como Esme, na dizi turca Yalı Çapkını. Em um bate papo exclusivo com o ‘No Backstage’, Sezin fala sobre os desafios e as recompensas de interpretar personagens profundos, especialmente aqueles envolvidos em temas tão sensíveis como violência doméstica. A novela, que foi adicionada ao catálogo da Max Brasil, tem sido um grande sucesso desde sua estreia. Mas não só no Brasil, como em toda América Latina, e tem gerado discussões importantes sobre a realidade das mulheres enfrentando abusos.

A conexão com o público latino-americano

Em uma conversa franca, a atriz não poupou elogios para o Brasil e enfatizou sua conexão com o público latino-americano e o impacto de seu papel. Sezin descreve como é gratificante saber que sua atuação é apreciada em diferentes partes do mundo, especialmente na América Latina, uma região com a qual ela se sente particularmente próxima. “A América Latina é uma cultura que eu amo e da qual me sinto próxima”, revela. Embora ainda não tenha tido a oportunidade de visitar o continente, a atriz sente uma conexão mágica com seus fãs latinos, que acompanham suas performances com carinho. Afinal, sabemos o quão fiel são o público latino.

Photo: Ozan Balta (@ozanbalta)

A responsabilidade de interpretar personagens em situações de violência

Em Yalı Çapkını, sua personagem, Esme, enfrenta uma série de desafios emocionais e físicos ao lidar com um relacionamento abusivo com Kazim, algo que está muito presente na sociedade turca. Sezin fala abertamente sobre a responsabilidade que sente ao dar voz a essas mulheres que sofrem em silêncio. “É uma grande responsabilidade poder contar essas histórias corretamente”, comenta. Essa reflexão sobre o impacto de sua interpretação se aprofunda quando menciona que, assim como ela, pessoas próximas também se identificam com a história de Esme. Para Sezin, dar visibilidade a esses temas é uma forma de abrir um diálogo, especialmente em um contexto cultural em que o silêncio sobre o abuso ainda é comum.

A transformação de Esme e o ponto de virada

Esme é uma personagem que passa por uma transformação marcante ao longo da trama, e a atriz descreve esse processo como uma das partes mais emocionantes de sua atuação. Sezin aponta que a virada acontece de forma clara com a chegada de Esme a Istambul, quando começa a lutar mais ativamente por sua liberdade e seus direitos.

A importância de dar visibilidade à violência doméstica

No contexto da Turquia, onde questões de violência doméstica ainda são amplamente silenciadas, as produções televisivas podem desempenhar um papel vital na conscientização. A atriz destaca a importância de abordar a violência de forma sensível, mas também de maneira clara e direta, para que o público compreenda a gravidade do problema. Ela acredita que as séries de TV, como Yalı Çapkını, têm a capacidade de abrir um espaço para discussões importantes, especialmente quando se trata de visibilizar os abusos.

Yali Çapkini / Sezin Bozaci


Confira a entrevista completa abaixo:

Olá, Sezin. Meu nome é Aline, falo do site de entretenimento brasileiro “No Backstage”. Muito obrigada por falar conosco.

Sezin: Muito obrigada por nos dar a oportunidade de alcançar nossos fãs no Brasil.

Vamos começar falando sobre “Yali çakpini”, que entrou recentemente para o catálogo da Max Brasil e está sendo um grande sucesso aqui. Queria saber quais são os aspectos mais gratificantes de interpretar personagens em séries turcas que são apreciadas em todo o mundo, inclusive na América Latina?

Sezin: É uma sensação maravilhosa ser amada e seguida por pessoas de diferentes partes do mundo. A América Latina é uma cultura que eu amo e da qual me sinto próxima. Eu realmente quero conhecer a América do Sul. Mesmo que eu ainda não tenha estado lá, é uma sensação mágica ter me conectado de alguma forma com as pessoas de lá.

A novela (Dizi) trata da complexidade dos relacionamentos abusivos, que muitas vezes são silenciados na sociedade. Como você lida com a responsabilidade de dar voz a essas mulheres? Algum fã já lhe disse que sofreu a mesma coisa?

Sezin: Ouvimos isso não apenas dos fãs, mas também de nosso círculo próximo. Infelizmente, entramos em uma espiral de violência que está aumentando. Estamos testemunhando coisas realmente horríveis. E sair dessas coisas terríveis não é fácil para aqueles que estão expostos a elas. Portanto, é uma grande responsabilidade poder contar essas histórias corretamente. É muito valioso poder dizer às mulheres ou a todas as criaturas que foram submetidas à violência que elas não estão sozinhas e que a mudança é possível, por mais difícil que seja a luta.

Você acha que há um ponto de virada crucial para Esme, quando ela percebe que precisa se posicionar e lutar por si mesma? Como foi interpretar essa transformação?

Sezin: Podemos dizer que uma mudança começou com a chegada deles a Istambul. As experiências de Seyran, sua rebeldia contra o que lhe aconteceu, sua posição contra o pai, sua resistência aos estudos etc, começaram a mudar e transformar Esme e até mesmo Hattuç e Suna. Se eu tivesse que citar um ponto de ruptura em particular, diria que foi a cena em que quebrei o armário de comida trancado com uma panela. Essa cena foi o primeiro grito de Esme. Nada mais foi o mesmo para Esme depois disso. Ao desempenhar esse papel, meu maior desejo é dar um pouco de esperança e coragem às mulheres que passaram por situações semelhantes.

Reprodução / sezinbozaci

No contexto cultural da Turquia, onde muitas mulheres enfrentam situações semelhantes às de Esme, como você vê a importância de dar visibilidade a essas histórias? Acredita que seu papel pode ajudar a abrir diálogos sobre violência doméstica?

Sezin: A forma como a violência deve ser mostrada ao contar uma história é uma questão muito difícil. Há um equilíbrio muito delicado. Mas sabemos muito bem disso agora; não devemos nos calar contra assédio, abuso e todos os tipos de violência, e até mesmo os agressores devem ser apontados. Também começamos a fazer mais barulho no mundo com movimentos como o “eu também”. É certo que as séries de televisão abriram uma plataforma de discussão nesse sentido. A televisão ainda é um meio de comunicação muito importante em nosso país. Se pudermos criar pontos de interrogação na mente de alguém, se pudermos criar conscientização até mesmo em um único lar, ficaremos muito felizes.

O episódio 79 não foi apenas um choque para nós, mas também para Esme. Quando você leu a parte do roteiro em que sua personagem descobre que está grávida do filho de Kazim, qual foi sua primeira reação?

Sezin: Feliz 🙂 Acho que foi uma notícia que fez todos nós sorrirmos e nos deu esperança. Em primeiro lugar, como atriz, eu nunca havia interpretado uma pessoa grávida antes. Gostei muito da experiência. Esme está em uma fase completamente diferente de sua vida agora. Ela pode aproveitar a gravidez e criar seu filho com segurança, sem pressão. Essa é uma oportunidade para que ela seja uma mãe melhor.

O teatro e a TV oferecem experiências diferentes para o ator e o público. Como você adapta suas técnicas de atuação para garantir que seu desempenho seja consistente e impactante em ambos os formatos?

Sezin: Atuar é atuar, é claro. E todo jogo tem suas próprias regras. Acho que as regras técnicas do cinema e do teatro são um pouco diferentes, só isso. Usar a voz alta ou baixa, usar todos os músculos do corpo ou apenas um único músculo no canto do olho para dizer algo. Ângulos, distâncias, condições diferentes. Mas, além de tudo isso, há um caminho que você segue tanto emocional quanto metodicamente ao se preparar para um personagem, e isso não muda muito.

Tem algum gênero ou papel que você gostaria de explorar no futuro? Ação, suspense?

Sezin: Há muitos. Como muitos atores, sou gananciosa nesse aspecto. Gostaria de participar do maior número possível de histórias.

Quais são os seus próximos projetos para 2024/2025 que você pode compartilhar conosco?

Sezin: Yalı Çapkını está em andamento no momento. Também tenho duas peças de teatro diferentes acontecendo ao mesmo tempo. Uma está em cartaz há dez anos, a outra há nove anos. Essas são as que preenchem meu tempo agora. Também estou muito curiosa sobre o que vai acontecer em seguida.

Bem, uma agenda bem ocupada, né?! Haha Sezin, obrigada por nos receber e sinta-se à vontade para deixar uma mensagem para seus fãs brasileiros. Estamos ansiosos para ver seus próximos passos.

Sezin: Muito obrigada por essa oportunidade. Espero que eles continuem assistindo e amando Yalı Çapkını, isso nos deixa muito felizes. Nós amamos Yalı e trabalhamos com muita paz. É muito bom ver a recompensa disso.

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